segunda-feira, 17 de março de 2014

Meia Maratona de Lisboa - Ponte 25 de Abril


Esta começa a ser uma prova emblemática, mais de 40.000 pessoas a passar a Ponte 25 de Abril e quase 10.000 para a distância maior, os 21.095 metros.

O dia começou bem cedo, 6h30 toca o despertador, 7h10 apanho o David em casa, 7h40 deixo o carro no Restelo e às 8h00 estamos no Hotel Tiara, ainda com tempo de descansar nos sofás do átrio e falar mais um pouco sobre a prova.

Os autocarros saem às 8h40 e chegamos ás portagens por volta das 9h10, onde já estão alguns milhares à espera do tiro de partida. Vamos à tenda VIP onde algumas centenas acotovelam-se para uma ultima refeição antes da prova, aproveito para beber um café.

Falta mais de uma hora para o início da prova e continuamos a apreciar o belo dia que faz, as pessoas e os seus rituais pré-prova, os equipamentos, as conversas, enfim o frenesim habitual de uma grande prova de atletismo. A elite está lá em baixo onde é a partida dos craques. Entretanto chega o grupo do GFD liderado pelo Ernesto Ferreira e ainda lhe tiro uma foto, são muitos e com corredores de grande valia.

Tentamos avistar o grupo dos BRRunners que estava por ali mas nada... já tinha faltado a foto de grupo do Correr Lisboa por impedimento de chegar à zona onde estavam.

À medida que o tempo vai avançando está cada vez mais pessoal a aquecer e eu também o faço, foram pelo menos 10m+alongamentos+10m tudo num ritmo muito descontraído.

Vamos para a linha de partida e conseguimos ficar encostados à fita, na primeira linha. RTP a filmar, reporteres fotográficos a disparar e ainda se colocam os últimos fios das passadeiras de controlo do tempo. O presidente da CML também já anda por ali, pois dará o tiro de partida.

Um minuto antes da hora lá vamos nós, o tabuleiro da ponte está limpo e os atletas mais rápidos ficam com uma imagem que só nesta ocasião é possível de ter, o David avança muito rápido com o entusiasmo e eu começo a rodar perto dos 4'/km. Ao final da ponte já tinha sido naturalmente ultrapassado por 4/5 centenas de atletas mas o objetivo de chegar entre os primeiros 500 mantinha-se. Desci para Alcântara e avisto o PP no público, ainda lhe grito e ele responde. Primeiro abastecimento bebo água e passa por mim um atleta com uns calções de leopardo e descalço... ele acabaria à minha frente e admiro-o pela coragem de enfrentar o alcatrão daquela forma. Despejo um pouco de água pela cabeça pois o calor já se fazia sentir.

Aos 7/8 kms sinto-me desgastado e ingiro um gel, bebo mais água e sigo. Consigo manter o ritmo 4'10/15 e começo a sentir-me melhor por volta dos 12/13 kms, onde ingiro o segundo gel e mais água. Volto a deitar água pela cabeça em grande quantidade pois precisava de refrescar.

O facto de ter ritmos muito constantes leva-me a que na fase final das provas ultrapasse muitos atletas e partir de Belém começo a passar muitos que já deram o estoiro e ganho mais alento. Sei que ainda tenho um abastecimento de água e fruta, aos 16kms perco um pouco de atenção ao relógio e quando penso que vou para o km 17 faço o 18!! Logo a seguir apanho meia banana, meto na boca sem mastigar e vai-se desfazendo nos metros seguintes. Consigo melhorar o ritmo nos 3 quilómetros finais e começo a pensar que vou conseguir novo record.

No ultimo quilometro mantenho o ritmo e faço uma pequena aceleração a 300 metros da meta, ainda passo mais alguns atletas e termino com novo máximo de 1h29m17s, tempo de chip e em 413.º da geral.

Retenho-me um pouco pela área da meta e entro para a zona VIP. Muito giro... muita gente, cruzo-me com os vencedores da prova e ainda vou cumprimentar a Lena Fernandes que estava acompanhada de algumas estrelas do desporto, Dulce Félix, Hermano Ferreira, Nuno Delgado. Deu para beber água, cerveja e comer fruta e bolo. A tenda VIP estava a abarrotar, presidentes, ministros e outras individualidades...

Ainda passei nas massagens do GFD e o Ernesto já estava a bater num senhor... este pessoal da fisioterapia trata assim as pessoas que lhe pedem ajuda!

Vou na direção do carro e as pernas ainda funcionam bem, não tenho muitas dores mas estou bastante cansado. No carro faço os alongamentos e tomo o recuperador que tinha preparado.

Daqui a 15 dias tenho a corrida do SLB!











segunda-feira, 10 de março de 2014

1.º Trail - Elvas

Ontem foi dia de me estrear em Trail... e foi uma boa estreia a todos os níveis!

Para começar a organização de uma prova deste tipo que obriga a uma quase perfeição nas marcações, abastecimentos, recursos humanos e foi exemplar. Parabéns ao Clube Elvense de Natação que esteve excelente, ainda por cima foi a 1.ª edição!

Mas vamos a factos: viagem em dois carros devido a alterações de ultima hora da equipa CAT -Barreiro que obrigou os "derretebanha" a mudanças logísticas. Chegámos a Elvas ao início da noite para levantar os dorsais e reconhecer o local de dormida. Tudo tratado arrancámos para o restaurante Adega Regional onde o Bruno tinha feito a reserva de mesa para 3. Destaque para o WC... em tons de vermelho e muito elogiado pelos clientes... há quem repare em coisas do arco da velha. Migas, batatas, arroz, carnes fritadas, costoletas, frango com bacon... tudo regado a tinto de juromenha! O Bruno não... tive de ser eu e o António a vasar a garrafa.

Depois de bem alimentados regressámos ao Estádio de Atletismo de Elvas, procurámos o nosso canto para dormir e calhou-nos o Posto médico, onde a organização tinha colocado Tatami's para maior conforto das costas. Tinhamos tudo, espaço para colocar colchões e sacos-cama, WC e tomadas para carregar telefones e afins.

Depois de acomodados iniciamos o descanso merecido, mas a luz de presença teimava em não se apagar e durou toda a noite... parecia de dia e incomodou um pouco, mas deu para descansar. A alvorada estava assegurada pelo iPad do António onde soaria o beautiful day dos U2...

Mas não foi necessário pois o Bruno encarregou-se de começar os preparativos bem cedo e acordámos antes das 7h e foi bom porque deu para comer e preparar tudo com calma. Açai, cereais, aletria e bolachas com marmelada fizeram parte do menu. Tudo arrumado nos carros, fotos da praxe e fomos para a pista. Não deixa de ser estranho uma prova de trail começar e acabar em tartan...

Depois de um ligeiro aquecimento partimos para a aventura... e que grande aventura!! Primeiros quilómetros logo a subir à grande, empedrados, escadarias, ruelas... ao fim de 3 kms já estava a ferver nas pernas, andava à procura de um ritmo mas neste tipo de prova não dá, quem faz o ritmo é o percurso e a nossa capacidade de adaptação tem de ser grande.

Talvez me tenha desgastado muito no início pois sentia-me exausto ao fim de 4 subidas muito inclinadas onde conseguir andar já é bom. Depois aparece de tudo, buracos, pedras, ervas, vedações, valas, linhas do comboio, tuneis com água pela canela, muros para saltar... e de vez em quando um pouco de alcatrão.

Antes do segundo abastecimento uma queda brutal onde bato com a cara no chão... pensava que me tinha aleijado mais, mas ao levantar-me percebo que apenas o joelho estava a sangrar retomei a prova libertando um palavreado pouco aconselhável... logo de seguida um abastecimento, sempre cheios de fruta, bebidas e até amendoins. Foram estes abastecimentos que me ajudaram a recuperar forças.

Cheguei a meio da prova e estava muito cansado, ia com 1h32m, dentro do que tinha estabelecido pois queria fazer a prova dentro das 3h. A partir daqui e com um percurso mais amigável decidi proteger-me um pouco e evitar o cansaço extremo, no entanto mesmo com um terreno leve aparecem sempre dificuldades, uma delas uma ribeira com água pelo joelho, cheia de pedras e onde tive de andar uns minutos. Sair com os pés gelados e retomar o andamento é difícil mas ao fim de uns minutos já não se sente nada.

A ultima meia dúzia de quilómetros foi em gestão de esforço, só queria chegar sem me aleijar e assim foi, mesmo assim ainda ultrapassei dois companheiros que já estavam nas lonas, principalmente com a ultima parede colocada a menos de 1 km da meta. Entrada no estádio e volta à pista para acabar com 3h11m os 31 kms da prova.

Mesa repleta de comida, parei ali 5 minutos para abastecer a barriga e de líquidos. Fui para a fila das massagens colocada em pleno relvado. A Gold Nutrition também estava lá a fornecer o Fast Recovery, muito útil para uma recuperação mais rápida.

O António completou a prova 33 minutos depois e o Bruno 56 minutos.

Depois um belo banho e segui para reguengos onde me aguardava 4 horas de pé a arbitrar.... vida dura!

  





quinta-feira, 6 de março de 2014

Maratona de Sevilha 2014


Esperei uns dias para escrever esta crónica pois queria relatar o antes e o após.

A preparação desta maratona começou na mesa de operações em julho passado... só em agosto retomei a atividade e apenas em Outubro comecei a treinar forte para este desafio.

Outubro e novembro foram os meses de habituar a máquina a mexer e em Dezembro e janeiro a quilometragem bateu nos 300kms/mês, algo que ainda não tinha acontecido em qualquer preparação para provas.

Consegui fazer 5 treinos de 28/32 kms, treinos de ritmo, dias de descanso bem programados (8 por mês) o que me valeu a sensação de andar fresco apesar da carga de treinos.

Terminei a preparação satisfeito com o trabalho possível em tão curto espaço de tempo e convicto que conseguiria atingir o record pessoal de 3h19.

Lá fomos para Sevilha, uma cidade extraordinária, a ida à feira para buscar os dorsais é como o aquecimento porque a partir daí começamos logo a pensar muito na prova. Deu para descansar, passear, comer, desfrutar e fazer o ultimo treino, apenas 4 quilómetros junto ao rio. O Camané testava o seu novo ADIDAS Smart Run que dava mais distância que a real e o Hugo com o nervoso miudinho de quem vai a esta maluquice pela primeira vez.

Na véspera carregamos a máquina de hidratos e pronto quando demos conta estávamos perto da linha de partida. Nesta manhã deu para descarregar 3 vezes... realmente o nosso organismo é uma máquina maravilhosa... desculpem a inconfidência!

A ideia era rodar a 4'35''/4'40'', andei os primeiros 10 kms um pouco abaixo mas muito confortável. Na segunda dezena mantive-me abaixo dos 4'35'' e passei à meia maratona com 1h36 o que significava que poderia chegar ao fim abaixo de 3h15. Até aos 30 kms a máquina começava a ficar mais cansada mas as pernas continuaram a rolar perto dos 4'35'' o que era muito bom sinal, mas sabia que ia entrar na fase complicada e apenas o que tinha conseguido até ali era não ter as pernas derretidas e uma moral muito forte para manter o ritmo.

Para isto muito contribuiu uma boa gestão dos liquidos e gel (25 e 30 kms) e do 30 ao 35 km o ritmo continuava na mesma, parecia um relógio suiço, comecei a ultrapassar muitos atletas a partir daqui mas a frescura física já era e sabia que iam ser 8/10 kms de grande sofrimento e foram...

Do 35 ao 40 km comecei a rodar perto dos 4'40'' o que não era mau, mas o esforço para manter este ritmo era muito grande nesta fase, valeu a passagem no coração de Sevilha com milhares de pessoas e onde continuava a ver atletas a desistirem, a andarem e a ultrapassar (foram pelo menos mais de 400 atletas a partir da meia maratona). Ver os outros a ficarem para trás e eu a conseguir ir dá moral não há duvida e foi um animo suplementar.

Já faltava pouco, a corrida andava perto do estádio e eu só pensava em ver o túnel de entrada... já me sentia a quebrar (fiz os últimos 2 quilómetros a 4'44'') mas nesta fase nada nos faz parar, ainda tentei acelerar mas percebi que tinha um músculo a dizer que não podia.

A entrada no estádio olímpico de Sevilha é um momento inesquecível, fazer aqueles últimos 300m na pista como os atletas profissionais é uma sensação muito boa, avistei a meta e o relógio marcava 3h14m30s, fiz os ultimos 100m com uma grande satisfação pois sabia que iria terminar abaixo de 3h15 e assim foi o tempo de chip ficou nos 3h14m38s, tinha acabado de tirar 5m ao meu record.

Foi a maratona que acabei em melhores condições apesar das pernas estarem uns farrapos. Nunca colapsei, e com todos os kms abaixo de 4'45''. Foi uma prova solitária, o camané avançou logo no km 1 terminando com 3h07 e o Hugo 3h49 com um final terrível, obrigaram-me a ir sozinho!

No final foi a sessão fotográfica com a medalha, as bebidas, incluindo uma cervejinha, figos, tâmaras e laranjas.

Dois dias depois tentei fazer um treino de recuperação, o meu colega Xico acompanhava-me mas logo nos primeiros 20m disse para se ir embora, quase que não dobrava os joelhos e terminei o único quilometro que fiz em 6'54'', voltei a andar...

Só passado 7 dias me senti sem dores e cansaço físico. na segunda semana já fiz treinos sem sentir demasiado as pernas é que já se avista novo desafio... UTSM 100kms!